FITOTERAPIA

No Brasil, o emprego das plantas na medicina popular surgiu por intermédio dos índios com a contribuição dos negros e dos europeus. Quando ainda era colônia de Portugal, os cuidados médicos eram restritos às metrópoles, enquanto na zona suburbana e rural, a população tinha que recorrer às ervas medicinais. Assim, essa terapia alternativa de cura surgiu da mistura de conhecimentos dos indígenas, fazendeiros e jesuítas.

Os escravos africanos também tiveram sua contribuição na tradição do uso de plantas medicinais, em nosso país, ao trazerem consigo plantas para usarem nos rituais religiosos e por suas propriedades farmacológicas, descobertas empiricamente. Os índios que aqui habitavam, em suas diversas tribos, também utilizavam as plantas medicinais e pelos pajés, o conhecimento sobre as ervas locais e sua utilização era transmitida e aprimorada entre as gerações. Quando os europeus aqui chegaram, depararam-se com esses conhecimentos, principalmente aqueles que passaram a viver no país, sentindo necessidade de utilizar o que a natureza lhes tinha a oferecer, além do contato com os índios que passaram a auxiliá-los. Dessa forma, os europeus ampliaram seu contato com a flora medicinal brasileira e utilizaram-na para suprir suas necessidades alimentares e medicamentosas.

Em uma pesquisa foi verificada a utilização de terapias alternativas por enfermeiros brasileiros com objetivo de descobrir o como, o porquê e o que eles utilizavam ou indicavam aos seus pacientes. Segundo os resultados obtidos, os enfermeiros utilizavam, cada vez mais, métodos alternativos no cuidado com os pacientes, justificado pela falta de credibilidade nos recursos alopatas e pela facilidade do cuidado e manutenção da saúde dos pacientes com um custo mais baixo.

A partir daí, no Brasil, até o século XX, utilizavam-se bastante as plantas medicinais para curar diversas enfermidades, sendo essa prática tradicionalmente transmitida ao longo dos tempos. A partir do momento em que os leigos começaram a utilizar formas alternativas de cura, sem o conhecimento acadêmico, surge o conflito entre as formas de cura alternativa e o saber científico.

Contudo, com a industrialização, a urbanização e também a evolução tecnológica relacionada à elaboração de fármacos sintéticos ocorreu aumento da utilização desses medicamentos pela população, deixando-se de lado o conhecimento tradicional das plantas medicinais.

A crença na utilização das plantas no tratamento das doenças obtinha bons resultados, mas aos poucos foi sendo substituída pelo uso dos remédios industrializados, que prometia cura rápida e total.

Porém, devido aos efeitos colaterais ou ao alto custo dos medicamentos, o uso das plantas foi novamente retomado. As pessoas estão questionando os riscos da utilização abusiva e irracional de produtos farmacêuticos e procuram substituí-los pelas plantas medicinais. Além disso, existe uma insatisfação da população em relação ao sistema de saúde oficial, assim como também a necessidade do controle de seu próprio corpo e recuperação de sua saúde, assumindo as práticas de saúde para si.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje a utilização de plantas medicinais é a principal opção terapêutica da maior parte da população mundial (cerca de 80%). O mercado de fitoterápicos movimenta aproximadamente US$ 22 bilhões ao ano. No ano 2000, o setor arrecadou US$ 6,6 bilhões nos EUA e US$ 8,5 bilhões na Europa. Recentemente, uma pesquisa comprovou que aproximadamente 37% da população adulta dos EUA utiliza esses produtos, onde são considerados “suplementos dietéticos”, diferente do Brasil, onde são classificados como medicamentos, de acordo com a Portaria nº22/1967 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pela Resolução-RDC nº17/2000 5. Estima-se que, no Brasil, esse comércio seja da ordem de 5% do mercado total de fármacos, avaliados em mais de US$ 400 milhões.